O mercado mundial viveu uma série de turbulências nesta quinzena devido a uma nova onda de "pânico" nas bolsas chinesas. O TSR-20 registrou perdas de 6%, depois de ter esaiado uma reação às baixas da quinzena passada, fechando a semana a USD1,40.
Antes da queda, analistas já previam que a reação teria vida curta, conforme análise do grupo RMCA, enviada pelo agrônomo César Savoia.
Leia a integra deste artigo nesta tradução exclusiva: internacional200715.pdf
O chamado "fundo do poço", como foi considerado o atual nível das cotações por agentes do setor, não tem assustado os maiores produtores mundiais que intensificaram seus investimentos em expansão de suas operações nos últimos meses.
Veja trechos a seguir do artigo internacional que trazemos sobre o tema nesta quinzena:
"A expansão agressiva da Halcyon Agri´s, em particular, fez com que o setor da borracha se surpreendesse. O grupo embarcou em uma série de aquisições para turbinar suas operações. Quando lançou ações na bolsa em 2013 a empresa contava com 2 plantas de processamento. Hoje são 14 usinas com uma capacidade operacinal de 700 mil toneladas por ano.
(...)Halcyon espera avanço nos resultados neste ano devido a uma melhora na integração de sua capacidade de produção com seu alcance global de vendas e marketing.
'2015 será um ano para colocarmos força total em nossa plataforma para resistirmos e entregarmos todo o nosso potencial de volume e margem,' disse o CEO Robert Meyer.
(...)Enquanto isso, a empresa GMG, listada na bolsa desde 1999, também se manteve ocupada, investindo em novas plantações e expandindo sua capacidade de produção se preparando para a reação dos mercados.
O grupo gerencia mais de 78 mil hectares de plantações de seringueira na Africa e na Ásia e comanda 12 usinas de beneficamento – com uma capacidade total de 527 mil toneladas por ano – na Tailândia, Indonésia, Camarões, Gabão e Costa do Marfim.
A empresa projeta que os preços devem se ater a uma margem apertada para o curto e médio prazo enquanto se mantém próximos ao custo de produção em meio a lenta demanda global.
Esta visão encontra apoio entre representantes do Mercado, em especial da Halcyon:
"Este nível dos preços muito próximo dos custos de produção para muitos produtores é insustentável,” declarou a empresa.
As novas baixas nestes primeiros meses de 2015 forçaram a empresa a contingenciar sua produção e ajustar suas negociações em busca de melhores preços e maior sintonia com os custos de produção.
O objetivo é de gerar retornos apropriados aos fazendeiros e seringueiros. Representantes da empresa ressaltaram:
”Independente dos movimentos de curto prazo, nos mantemos confiantes na demanda de longo prazo por borracha natural, motivada pela motorização das economias emergentes na Ásia e por todo o mundo."
A empresa Sri Trang, que lançou ações na bolsa em 2011, também se expandiu ativamente pela cadeia de suprimentos.
Eles compraram 8 mil hectares de terras para o plantio de seringueiras na Tailândia e mais 4 novas fabricas em Mianmar, Tailândia e Indonésia que trarão mais 174,000 toneladas de capacidade operacional por ano.
Confira a tradução exclusiva deste artigo no link: internacional300715.pdf
BRASIL.
No Brasil o clima não foi diferente. Com a informação da paralização da fábrica da Pirelli em Santo André no ABC Paulista o mercado, que já vinha digerindo a suspensão de compras por parte das pneumáticas, continuou apreensivo para o curto prazo.
O estoque de coágulo das empresas esta lotado e o de produto acabado (GEB-10) também sofre de acúmulo excessivo. As compras serão reestabelecidas em outubro.
Até lá a ordem nas Beneficiadoras é de aumentar os prazos para pagamentos de matéria prima no campo e, em alguns casos, adequar preço e qualidade (leia-se DRC) para aproveitar com a máxima eficiência o capital de giro.
Atenção: mesmo com a alta do dólar, é possivel que o GEB10 para outubro recue dos atuais R$5,49 (fechamento JUN/JUL) para R$5,28. Veja no gráfico abaixo:
Contudo, importate destacar que por sorte estamos entrando na entre-safra, o que garante menores volumes pesando sobre os bolsos das beneficiadoras.
Destaque positivo ainda para a perspectiva de longo prazo já que as pneumáticas acenaram com a possibilidade de incorporar o volume estocado destes meses em suas compras na póxima safra.
A exemplo dos grandes investidores mundiais, agentes brasileiros também estão focando no fim do túnel e ajustando suas contas para submergir ao final destes tempos de turbulência.
Continuaremos monitorando.
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Diogo Esperante
Gerente de Projetos pós-graduado pela FEA-RP/USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo) atua no setor da Borracha Natural a 8 anos e atualmente integra como Analista de Mercado a Equipe de Gestão do Grupo Hevea Forte (heveaforte.com.br). Além de consultor, gerencia a propriedade familiar Fazenda Morada da Prata no interior de São Paulo e em Minas Gerais. Membro da Câmara Setorial da Borracha Natural Paulista, Diretor de Divulgação da APABOR, Diogo preside o Conselho Deliberativo da mesma instituição e escreve quinzenalmente neste espaço.